Com a chegada do outono e do inverno, é comum o aparecimento de doenças respiratórias como gripes, resfriados e pneumonias, bem como o agravamento dos sintomas de doenças respiratórias crônicas, como asma e enfisema pulmonar.
O ar seco e frio leva a uma agressão ao sistema respiratório, interferindo nos mecanismos de defesa (produção de muco, transporte desse muco e tosse), induzindo a um ambiente propício para agentes infecciosos como vírus, bactérias e fungos.
ENTENDENDO AS FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
São funções do sistema respiratório defender nosso pulmão de partículas estranhas, permitir uma adequada fonação, por meio do trabalho dos músculos da laringe e uma adequada passagem de ar pelas cordas vocais, e realizar a troca gasosa (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico), por meio da ação dos músculos respiratórios, caixa torácica e de um adequado fluxo sanguíneo.
As células presentes nas vias aéreas superiores (cavidade nasal, faringe e laringe), traqueia e brônquios principais, possuem células produtoras de muco, que em condições normais são capazes de realizar o transporte desse muco para ser eliminado pela tosse ou deglutição, além de produzirem enzimas e anticorpos protetores dos pulmões.
Existem vários agentes agressores que interferem no funcionamento deste mecanismo de defesa das vias aéreas, entre eles, a poluição, o tabagismo, a desidratação e a inalação de ar mais frio e seco, como ocorre durante o uso inadequado e exagerado do ar condicionado e nas estações do outono e inverno.
Essas agressões interferem no muco, diminuindo sua produção, deixando-o mais espesso, dificultando seu transporte e sua eliminação. É a famosa secreção que aparece durante os quadros de doenças respiratórias ou que se agrava nas doenças crônicas, provocando tosse e dificuldade na respiração e, em casos mais graves, interferindo na troca gasosa.
Além do mecanismo de defesa das vias aéreas, o sistema respiratório precisa ser capaz de gerar volumes pulmonares, ou seja, ter uma musculatura que trabalhe de forma adequada, em conjunto com a caixa torácica, para levar ar para dentro dos pulmões até os alvéolos, por meio da inspiração, onde ocorrerá a troca do oxigênio trazido do meio externo (ar) pelo gás carbônico produzido pelo organismo e trazido até os pulmões pelo sangue, e que deverá ser eliminado pela expiração, bem como possuir um fluxo sanguíneo adequado para o transporte desse gases.
BENEFÍCIOS DO AUTÊNTICO MÉTODO PILATES PARA O SISTEMA RESPIRATÓRIO
Joseph Pilates dizia: “A Respiração é o primeiro ato da vida, e também o último. Nossa vida depende mesmo dela.” “Incansável e conscientemente, pratique a Respiração até que a arte de respirar corretamente se torne habitual, automática e subconsciente.” (JOSEPH H. PILATES: ESCRITOS, SEAN GALLAGHER, PT, INELIA GARCIA, PG 104)
No Autêntico Método Pilates, a respiração é realizada de forma natural, completa e profunda. Desta forma, o ar, passando pela cavidade nasal, já é filtrado, aquecido e umidificado, chegando aos pulmões livre de impurezas, o que permitirá uma melhor troca gasosa.
Os exercícios do Método trabalham todo o ciclo respiratório e nos permitem, dependendo do exercício, dar foco em determinada parte deste ciclo.
Há exercícios que dão ênfase à inspiração, que é a entrada do ar nos pulmões. Desta forma, a ação dos músculos inspiratórios é realizada de forma correta, sem gasto de energia desnecessário, permitindo uma melhor ação do principal músculo inspiratório, o diafragma, que empurra o conteúdo abdominal para baixo e para frente; aumenta a cavidade torácica; e permite a entrada do ar nos pulmões. A inspiração correta também propicia relaxamento da musculatura do pescoço e dos ombros, uma melhor centralização e organização postural.
Já alguns exercícios permitirão a permanência do ar nos pulmões por alguns segundos (apneia), permitindo um maior tempo para a distribuição do ar dentro dos pulmões (alvéolos) e, como consequência, uma melhor troca entre oxigênio e gás carbônico.
Outros exercícios do Autêntico Pilates dão foco à expiração (saída do ar dos pulmões), normalmente realizada de forma passiva, ou seja, pelo relaxamento do músculo diafragma que empurra o conteúdo abdominal para cima e propicia a saída do ar dos pulmões. Porém, quando realizamos uma expiração forçada durante os exercícios, propiciamos a ação de músculos específicos, chamados de músculos expiratórios (são os músculos abdominais que fazem parte do Power House). Além de auxiliarem na saída do ar dos pulmões, propiciam uma melhor estabilização da coluna lombar durante a realização dos exercícios, contribuindo para um melhor alongamento da coluna e melhora da postura.
Os exercícios também contribuem para uma melhor circulação de sangue pelo organismo, o que é necessário para a troca gasosa adequada e oxigenação dos músculos, além de trabalhar em diferentes posições corporais, propiciando uma melhor distribuição do ar nos pulmões.
A prática do Autêntico Pilates permite, então, um adequado funcionamento do sistema respiratório, mobilizando o ar nos pulmões de forma adequada e eficaz, melhorando a troca gasosa e o fluxo sanguíneo, evitando o acúmulo de secreções pulmonares (que contribuem para o aparecimento ou agravamento de várias doenças respiratórias) fortalecendo o sistema imunológico, que é importante para a prevenção de doenças como gripes e resfriados, além de auxiliar pessoas que já possuam doenças respiratórias crônicas, como asma e bronquite.
EXERCÍCIOS
Sentado em uma cadeira, com os pés apoiados no chão, coluna reta e ombros relaxados, segure um cata-vento e inspire lenta e profundamente pelo nariz. Em seguida, solte o ar lenta e profundamente, assoprando o cata-vento e deixando que ele vire pelo maior tempo que você conseguir. Repita de duas a três vezes, descansando entre uma repetição e outra, para que não tenha tontura.
The Hundred
Deitado no chão ou na cama, coluna apoiada, pernas flexionadas, pés apoiados no chão, braços estendidos ao lado do corpo, palmas das mãos para baixo e ombros relaxados, levante os dois braços de 15 a 20 cm acima da coxa. Inspirando lentamente pelo nariz, balance os braços (bombeie), para cima e para baixo em 5 tempos. Expirando devagar pelo nariz, continue balançando os braços, também em 5 tempos. Repita até completar 5 respirações (inspiração e expiração), apoie os braços e relaxe.
Artigo escrito por Maria Rita Montenegro Isern, Fisioterapeuta
Doutora em Ciências (Fisiopatologia Experimental) pela USP
e Autêntica Instrutora do The Pilates Studio® Brasil,
Unidade Competition Higienópolis – SP